Após “baixar a bola” e negociar com vereadores, pedido de impeachment de Toni Cunha é arquivado pela Câmara

Após duas reuniões realizadas nesta quinta-feira (10) e sexta-feira (11) na sala de comissões da Câmara Municipal de Marabá, o pedido de impeachment contra o prefeito Antônio Carlos Cunha Sá (PL), mais conhecido como Toni Cunha, foi arquivado. A decisão partiu da comissão processante instaurada para investigar possíveis crimes de improbidade administrativa cometidos pelo gestor, e que, sem maiores explicações públicas, optou pelo engavetamento das denúncias.

A relatora do processo, vereadora Maiana Stringari (PDT), apresentou parecer favorável ao arquivamento das cinco denúncias protocoladas — que somam mais de mil páginas. Os outros dois membros da comissão, os vereadores Pedrinho Corrêa (PRD) e Jimisson Pacheco (PL), acompanharam o voto da relatora, encerrando o caso antes que ele sequer chegasse ao plenário da Casa.

Nos bastidores, o que se comenta é que Toni Cunha, antes altivo e confiante de que não precisaria da Câmara para governar, foi obrigado a “baixar a bola” diante do avanço das denúncias. A postura arrogante cedeu lugar a reuniões reservadas e negociações, conforme relataram funcionários da própria Casa, que pediram anonimato por medo de retaliações.

Segundo esses relatos, o vereador Pacheco teria sido visto entrando e saindo diversas vezes do gabinete do prefeito, carregando mochilas e sacolas. Já Maiana Stringari, antes do início de junho, acompanhou o prefeito em uma verdadeira peregrinação por vilas da zona rural, anunciando promessas de asfalto e outras benfeitorias. Informações de bastidores indicam que ela teria negociado uma secretaria para ser comandada por seu pai, o ex-vereador Alécio Stringari.

Foto recente de Pedrinho, ao lado do Deputado Chamonzinho, quando o Águia de Marabá foi prejudicado por uma decisão do prefeito e não pode jogar em casa contra o Fluminense e precisou de ônibus para levar à torcida para a capital.

No caso de Pedrinho Corrêa, sua fidelidade ao prefeito desde o início do processo parece estar sendo recompensada: o vereador estaria em tratativas avançadas para assumir o comando do Serviço de Saneamento Ambiental de Marabá, responsável por contratos de limpeza urbana e pela contratação de centenas de garis — um setor estratégico para a construção de base política.

Com a decisão da comissão pelo arquivamento, os demais vereadores sequer puderam se manifestar em plenário sobre o mérito das denúncias. O caso, portanto, foi sepultado antes mesmo de qualquer debate público, apesar da robustez dos documentos protocolados.

Para críticos da gestão, o episódio revela que, em Marabá, denúncias não se enterram por falta de provas — mas por excesso de acordos. 

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