A decisão da gestão do prefeito Toni Cunha (PL) de retirar a Defesa Civil Municipal de sua sede própria, localizada na Velha Marabá, gerou críticas até mesmo entre vereadores aliados. O órgão, que desempenha papel crucial no atendimento às famílias atingidas pelas enchentes anuais dos rios Tocantins e Itacaiúnas, será transferido para um prédio alugado na Nova Marabá, já alvo de reclamações de servidores do Departamento Municipal de Trânsito e Transporte Urbano (DMTU).
O novo imóvel, que deverá abrigar quatro órgãos subordinados à Secretaria de Segurança Institucional, não dispõe de estrutura adequada: não há acessibilidade nem vagas de estacionamento para viaturas e veículos oficiais, o que compromete a operacionalidade das equipes. Além disso, o espaço terá que ser compartilhado por diferentes setores, em uma medida vista como retrocesso administrativo.
No caso do DMTU, que vinha funcionando ao lado da agência da Caixa Econômica Federal na Folha 32, embora o espaço também fosse alugado, atendia às condições mínimas, com garagem privativa e estrutura de alojamento. Já a Defesa Civil possuía prédio próprio, adquirido ainda na gestão do ex-prefeito Sebastião Miranda e completamente reformado. Localizada estrategicamente na Velha Marabá, a sede ficava próxima das áreas mais atingidas pelas cheias.
A retirada do órgão desse ponto estratégico e sua realocação para um espaço alugado levantou questionamentos durante a sessão da Câmara Municipal desta terça-feira (9). A vereadora Vanda Américo (União), que mora na Velha Marabá, classificou a medida como prejudicial ao atendimento direto às comunidades ribeirinhas. O presidente da Casa, Ilker Moraes (MDB), se somou às críticas, assim como o vereador aliado do prefeito, Marcos Andrade (PSD), que já foi diretor da Defesa Civil.
Nos bastidores da Câmara, cresce a leitura de que essas mudanças para novos prédios alugados podem estar ligadas a interesses particulares. Parlamentares comentam que os contratos favoreceriam aliados políticos, familiares e empresários próximos da atual gestão. A ideia ventilada de instalar um novo Centro Administrativo da Prefeitura nas duas torres comerciais acima do shopping Partage Marabá é vista com ainda mais preocupação: além de envolver aluguéis milionários, traria um paradoxo. Apesar de oferecer elevador e acessibilidade arquitetônica, o espaço está em um local de estacionamento pago, o que levanta a pergunta — e a acessibilidade social e econômica da população aos serviços públicos, como ficaria?
Nenhum comentário