Vice-prefeito de Marabá, João Tatagiba diz que Toni Cunha “não respeita ninguém”, “não tem respeito pelas pessoas” e “se acha acima de todo mundo”

A crise política no comando de Marabá ganhou novo capítulo nesta quarta-feira (10), após vir a público que o prefeito Antônio Carlos Cunha Sá, o Toni Cunha (PL), ingressou na Justiça para impedir que o vice-prefeito, João Tatagiba (Podemos), assuma a prefeitura durante suas ausências do município.

A medida surpreendeu até mesmo antigos aliados, já que Tatagiba foi um dos poucos empresários e lideranças políticas a apostar na candidatura de Toni nas eleições de 2024. O gesto do prefeito agora reforça o distanciamento entre os dois, já marcado por uma relação conturbada desde os primeiros meses de governo.

Declarações antigas ganham novo peso


Com a notícia da ação judicial, vieram à tona declarações feitas por Tatagiba ainda em agosto, quando pediu exoneração dos cargos de secretário de Indústria e Comércio e de Turismo, postos que ocupava no primeiro escalão da gestão.

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Na ocasião, o vice-prefeito afirmou em entrevista que Toni Cunha “não respeita ninguém”, “não tem respeito pelas pessoas” e “se acha acima de todo mundo”. As falas, registradas quando ele desembarcou do governo, hoje soam como prenúncio da disputa judicial que se instalou.

Tatagiba também relatou que nunca teve autonomia nas secretarias que chefiava e que, mesmo quando a Lei Orgânica determinava que deveria assumir interinamente a prefeitura durante viagens do titular, foi impedido de tomar decisões, seguindo orientações da Controladoria-Geral.


O processo no Tribunal de Justiça


O embate político migrou para o Judiciário. Em medida cautelar de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), o prefeito questiona dispositivos da Lei Orgânica de Marabá que obrigam a transmissão do cargo ao vice em casos de ausência. O processo, registrado sob o número 0810036-33.2025.8.14.0000, tramita no Tribunal de Justiça do Pará e teve julgamento agendado para o dia 3 de setembro na 34ª Sessão Ordinária do Tribunal Pleno.


A Câmara Municipal, por sua vez, foi intimada a se manifestar e defende a validade da lei, alegando que a conduta do prefeito fere princípios constitucionais e gera um vácuo administrativo no comando do município.


Ruptura cada vez mais evidente


O rompimento entre prefeito e vice não é recente. Desde a transição de governo, Tatagiba já manifestava incômodos com o estilo de gestão de Toni. A situação se agravou após denúncias acolhidas pela Câmara Municipal que indicam possíveis irregularidades na administração.

Em junho, durante o Encontro Regional do Podemos em Marabá, o prefeito sequer mencionou Tatagiba em seu discurso, apesar de o vice ser filiado ao partido anfitrião. O gesto foi interpretado como sinal público de ruptura.

Além de Tatagiba, outros nomes do alto escalão já deixaram a gestão, incluindo a ex-procuradora-geral e o ex-superintendente de Desenvolvimento Urbano, revelando um ambiente de instabilidade.


Marabá em meio ao impasse


Enquanto o Judiciário avalia o pedido de Toni Cunha, a cidade de Marabá — maior município do sul e sudeste do Pará — convive com a insegurança política de ter um prefeito que se ausenta sem transmitir o cargo e um vice impedido de exercer sua função constitucional.


O episódio, mais um de uma série de atritos entre as principais lideranças do Executivo, aprofunda a percepção de crise política e fragilidade na governabilidade local.

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