Demanda global por cobre impulsiona expansão da mina do Salobo, explorada pela Vale em Marabá
O cobre tem valor muito superior ao do minério de ferro. Enquanto uma tonelada de ferro custa cerca de 100 dólares, a de cobre chega a 10 mil. Essa diferença explica os resultados expressivos da empresa: em 2024, a Vale Metais Básicos teve faturamento de R$ 15,9 bilhões e lucro líquido de R$ 4,7 bilhões.
Apesar dos números bilionários, as contrapartidas sociais e ambientais em Marabá ainda estão longe do necessário. Comunidades que vivem às margens da ferrovia — como São Félix, Araguaia, Coca-Cola e KM 7 — convivem com poeira, trepidações e a falta de água e infraestrutura básica. No Novo São Félix, por exemplo, as ruas de terra correm lado a lado com os trilhos, e a duplicação da nova ponte rodoferroviária continua sem asfalto, mostrando o contraste entre a riqueza que passa de trem e a precariedade que fica.
O Brasil, mesmo sendo grande produtor, ainda não possui estrutura para refinar o cobre que extrai. O mineral sai bruto do país, sem gerar empregos e valor agregado localmente. Especialistas lembram o exemplo da Indonésia, que só permitiu a exportação após a instalação de refinarias internas, atraindo investimentos e fortalecendo sua indústria.
Enquanto a Vale aposta em novas tecnologias para reaproveitar rejeitos e reduzir perdas, comunidades marabaenses seguem esperando por compensações reais. A expansão da mina do Salobo reforça a importância do cobre para o mundo, mas também expõe uma velha realidade: o lucro bilionário vai embora nos trilhos, e os impactos ficam onde tudo começa.


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