Filho da vereadora Priscila Veloso ganha nova ‘boquinha’ paga com recursos públicos, empregado em gabinete de deputado em Belém, mesmo morando em Marabá
A vereadora Priscila Veloso (PSD), de Marabá, volta a ser alvo de questionamentos éticos envolvendo o uso de cargos públicos em benefício próprio e de familiares. Desta vez, o caso envolve novamente seu filho, Paulo Ricardo Veloso da Silva, que, após o escândalo do início do ano — quando foi descoberto na folha de pagamento da Prefeitura de Marabá como agente de conservação (cargo equivalente a gari) — reaparece agora nomeado em um cargo comissionado na Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa), com salário superior a R$ 4,5 mil mensais.
De acordo com dados disponíveis no próprio Portal da Transparência da Alepa, Paulo Ricardo foi incluído na folha de setembro de 2025 como assistente da Mesa Diretora, lotado no gabinete do deputado estadual Aveilton Souza, aliado político da vereadora. O cargo, classificado como comissionado, é de apoio direto às atividades da Mesa Diretora, com expediente na sede da Assembleia, em Belém.
O problema é que Paulo Ricardo nunca foi visto na Alepa, tampouco reside na capital. Ele continua morando e estudando em uma faculdade particular de Marabá, a mais de 500 quilômetros de distância de onde deveria cumprir jornada de trabalho. A situação levanta suspeitas de que o jovem ocupe mais uma função fantasma, recebendo recursos públicos sem prestar efetivamente o serviço correspondente.
O histórico de nomeações do filho da vereadora reforça a suspeita de uso político da máquina pública em benefício familiar. Quando Priscila deixou o cargo de secretária adjunta de Assistência Social para disputar as eleições de 2024, o próprio filho foi nomeado na pasta, mesmo sem formação ou experiência na área. Depois, apareceu como servidor da limpeza urbana de Marabá. Após o caso vir à tona, passou a ser visto circulando no gabinete do prefeito Toni Cunha, sob a alegação de estar “cedido” pelo serviço de saneamento ambiental — embora nunca tenha sido flagrado executando tarefas de limpeza, coleta de lixo ou conservação.
A nova nomeação na Alepa, portanto, representa a terceira ‘boquinha’ pública que o jovem ocupa em menos de dois anos — todas ligadas direta ou indiretamente a acordos políticos firmados pela mãe, vereadora de segundo mandato, com diferentes esferas do poder.
Mas o caso não para por aí. O marido da vereadora, Ricardo Ferreira da Silva, e a irmã dele, Rakel Ferreira da Silva, também constam como servidores comissionados do mesmo gabinete do deputado Aveilton Souza. Segundo o Portal da Transparência da Alepa, Ricardo ocupa o cargo de secretário parlamentar N° 09, com salário bruto de R$ 7.068,60, enquanto Rakel é secretária parlamentar N° 14, com rendimentos de R$ 10.965,67 em setembro de 2025.
A coincidência de três membros da mesma família lotados no gabinete de um único deputado — todos ligados politicamente à vereadora Priscila Veloso — reforça a suspeita de apadrinhamento político e uso de cargos públicos como moeda de troca.
O episódio lembra um caso semelhante ocorrido anos atrás com o então deputado estadual e atual prefeito de Marabá, Toni Cunha, que também empregou parentes de aliados políticos, incluindo familiares do ex-candidato a vereador Cristiano Carrero. Na época, até a mãe de Carrero, conhecida por vender cheiro-verde em Morada Nova, figurava na folha da Alepa, sem nunca ter aparecido para trabalhar.
Apesar de manter discurso moralista e de defesa da ética na política, Priscila Veloso segue acumulando episódios que contradizem sua narrativa pública. As nomeações reveladas agora reforçam o padrão de nepotismo e favorecimento pessoal com o dinheiro do contribuinte.
O Blog Marabá & Fatos não conseguiu contato com a vereadora Priscila Veloso, seu filho ou o deputado Aveilton Souza até o fechamento desta matéria, mas mantém o espaço aberto para quaisquer esclarecimentos que desejem apresentar.







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