Cidade
Toni Cunha se aproxima da família Barbalho e já é chamado de oportunista por bolsonaristas em Marabá
Após posar para fotos e divulgar vídeos em suas redes sociais ao lado da vice-governadora e pré-candidata ao governo do Pará, Hana Ghassan (MDB), o prefeito de Marabá, Toni Cunha (PL), acendeu um novo capítulo em sua trajetória política. Único prefeito do Partido Liberal no estado, Toni parece ensaiar um retorno às antigas articulações com o grupo político dos Barbalho — família historicamente ligada ao MDB e ao presidente Lula — o que tem gerado desconforto entre apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro na cidade.
Em Belém, Toni visitou o gabinete de Hana Ghassan acompanhado do deputado estadual Thiago Araújo (sem partido). Nas redes, afirmou ter sido “muito bem recebido” pela vice-governadora e destacou que tratou de “demandas de interesse do povo de Marabá”, prometendo que soluções serão anunciadas em breve.
O gesto, interpretado por aliados e opositores como uma tentativa de reaproximação com o Palácio do Governo, tem duplo significado político. De um lado, o prefeito busca abrir diálogo com uma gestão estadual do MDB, após meses de críticas públicas à condução do governo Helder Barbalho. De outro, enfrenta cobranças e ironias de sua própria base bolsonarista, que o acusa de “oportunismo” e “contradição ideológica”.
A movimentação de Toni remete ao seu primeiro mandato como deputado estadual, quando integrou a base de apoio do governador Helder Barbalho na Assembleia Legislativa e chegou a comandar programas estaduais como a Estação Cidadania, além de indicar a direção da Unidade Regional de Ensino de Marabá. Mais tarde, no entanto, rompeu com o grupo e se alinhou ao bolsonarismo, consolidando sua imagem como opositor ferrenho do MDB e do PT.
Agora, com quase um ano de gestão e poucos avanços concretos nas áreas da saúde e do transporte público, o prefeito parece adotar uma postura mais pragmática, priorizando o diálogo administrativo em busca de apoio político e recursos para o município.
Nas redes, Toni Cunha reagiu às críticas e reforçou que sua visita à vice-governadora teve “caráter estritamente republicano e administrativo”.
“Infantil e estupidamente, alguns pouquíssimos cidadãos criticaram reunião com a vice-governadora para tratar de pautas exclusivas do interesse de Marabá. Pois bem, esta relação continuará, estritamente republicana e administrativa para o bem de Marabá, queiram ou não, como sempre prometi”, escreveu.
Ainda assim, o prefeito fez questão de reafirmar sua lealdade ao ex-presidente:
“O meu maior líder político é e continuará sendo Jair Bolsonaro. O meu partido é e continuará sendo o PL 22. Meus aliados eleitorais são do PL 22.”
Apesar das declarações, a visita a Hana Ghassan, aliada de primeira hora do presidente Lula, sinaliza uma mudança de tom na condução do governo municipal e pode antecipar novas alianças políticas de olho nas eleições de 2026.
Nos bastidores, a aproximação com o grupo Barbalho é vista como uma tentativa de Toni Cunha recuperar espaço e apoio institucional para uma gestão que ainda busca se firmar diante das promessas de campanha e da pressão crescente por resultados concretos.



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