Vereador Pacheco se contradiz ao defender secretário de Saúde por suspensão de terapia para crianças com autismo em Marabá e leva advertência de colega na Câmara

Durante a sessão ordinária da Câmara Municipal de Marabá, realizada na última terça-feira (14), o vereador Jymisson Pacheco (PL) voltou a gerar polêmica ao sair em defesa do secretário municipal de Saúde, Webert Carvalho, após as denúncias de suspensão das terapias voltadas a crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no município.


O parlamentar, que deveria ter como função fiscalizar o Executivo, preferiu atacar os meios de comunicação locais que noticiaram as mobilizações das mães atípicas — classificando a cobertura da imprensa como “politicagem” e “fake news”. O curioso é que, na mesma publicação em que fez as críticas aos comunicadores, Pacheco colaborou com um comunicador local que, dias antes, havia sido um dos primeiros a divulgar justamente as denúncias das mães.

Contradições e defesa da gestão


Em tom confuso e contraditório, o vereador afirmou em plenário que as terapias “não foram suspensas”, mas logo em seguida reconheceu que houve, sim, paralisação dos atendimentos por falta de saldo contratual. A fala acabou soando como uma tentativa de justificar o injustificável — especialmente diante do impacto que a interrupção vem causando a dezenas de famílias que dependem dos serviços especializados.



A justificativa da Secretaria de Saúde, chefiada por Webert Carvalho, é de que os contratos com as clínicas conveniadas teriam atingido o limite financeiro. O argumento, no entanto, causa estranheza: recentemente, a mesma secretaria aditivou um contrato milionário com uma empresa fornecedora de materiais laboratoriais ligada a um vereador aliado do prefeito Toni Cunha (PL). A pergunta que fica é: se houve urgência para ampliar um contrato secundário, por que não se adotou a mesma agilidade para garantir as terapias de crianças autistas?


O caso também expõe outra contradição da gestão. A Prefeitura de Marabá acumula atualmente mais de R$ 500 milhões parados em caixa, mesmo em um ano de arrecadação recorde — superando inclusive a cidade de Parauapebas, conhecida como “a capital do minério”.


Advertência e recado político


Durante a mesma sessão, o vereador Márcio do São Félix (PSDB), em seu terceiro mandato, chamou a atenção do colega novato. Sem citar nomes, ele lembrou que não é papel do vereador bajular o Executivo, e sim fiscalizar e cobrar resultados da administração pública. O presidente da Câmara, Ilker Moraes (MDB), também reforçou o recado, destacando que o parlamento não deve servir de escudo para justificativas de falhas da Prefeitura.



Os discursos foram interpretados como um recado direto a Pacheco, o único parlamentar que ousou ir contra o movimento das mães e defender a Secretaria de Saúde em meio à crise.

Revolta nas redes sociais


A postura do vereador provocou forte reação nas redes sociais. Em sua própria conta, a publicação feita por Pacheco recebeu uma enxurrada de críticas de mães e internautas indignados com sua fala:



Contexto político


Chamado publicamente pelo prefeito Toni Cunha para integrar a base governista, Pacheco herdou cargos estratégicos que antes eram ocupados pelo vice-prefeito João Tatajiba, que deixou o grupo após desavenças políticas. O episódio reforça o alinhamento cada vez mais visível entre o vereador e o Executivo — o que tem gerado desconforto até mesmo entre aliados na Câmara.

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