A tranquilidade da zona rural de Novo Repartimento, no sudeste do Pará, foi abalada nesta segunda-feira (3) com o assassinato brutal de duas quebradeiras de coco babaçu, mulheres conhecidas por viverem do extrativismo e do sustento da floresta.
As vítimas, Antônia Ferreira dos Santos, de 53 anos, e Marly Viana Barroso, de 71, saíram de casa pela manhã para trabalhar na coleta de amêndoas de babaçu, mas não retornaram. À noite, familiares e moradores da comunidade encontraram os corpos das duas mulheres com golpes de arma branca e sinais de violência sexual, ao lado de um monte de frutos que haviam recolhido.
O crime chocou a população local e provocou forte comoção entre as quebradeiras de coco da região, que vivem do trabalho nas áreas de floresta e enfrentam condições duras para garantir o sustento das famílias.
Em nota, o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) lamentou as mortes e cobrou investigação imediata e punição dos responsáveis. “Antônia e Marly garantiam o sustento de suas famílias e defendiam a floresta. Esse crime atinge toda a luta das quebradeiras de babaçu”, afirmou o movimento.
O caso está sendo acompanhado por autoridades locais e movimentos sociais. Até esta quarta-feira (5), ninguém havia sido preso.
A tragédia expõe mais uma vez a vulnerabilidade das trabalhadoras que vivem da floresta, que continuam enfrentando riscos diários em áreas isoladas, onde a ausência de segurança pública e de proteção social torna cada jornada de trabalho uma incerteza.
Antônia e Marly deixaram familiares, amigos e uma comunidade inteira em luto — e um alerta para que crimes como esse não se tornem apenas mais um número nas estatísticas da violência que ainda atinge o interior do Pará.


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