Hospital Municipal de Marabá está sem sabão para lavar as mãos, sem diclofenaco e até carne da alimentação de pacientes e servidores é cortada

Servidores denunciam precarização nos dois principais hospitais públicos da cidade e atribuem caos à paralisação de compras sob comando do secretário-adjunto de Saúde, tio do prefeito Toni Cunha


Desde o último final de semana, diversas denúncias sobre a falta de insumos básicos nos dois principais hospitais públicos municipais de Marabá — o Hospital Municipal (HMM) e o Hospital Materno Infantil — têm chegado ao Blog Marabá & Fatos por meio de mensagens diretas no Instagram e pelo WhatsApp. Os relatos, protegidos pelo sigilo constitucional da fonte, revelam um cenário grave de desabastecimento e negligência.



Segundo servidores que atuam nas unidades, aproximadamente 80% dos insumos estão em falta, afetando desde medicamentos essenciais, como o diclofenaco, até itens elementares de higiene e alimentação. Em relatos chocantes, funcionários afirmam que não há sequer sabão para lavar as mãos, o que levou parte da equipe a improvisar o uso de sabão em pó colocado em potes de sorvete para tentar manter alguma higienização. “É um risco de infecção generalizada. Estamos expostos”, alertou uma profissional da enfermagem.


Outro ponto crítico é a alimentação de pacientes e servidores, que estaria ocorrendo sem proteínas como carne e frango em quantidade suficiente. “A comida está precária, frango cru, só arroz e feijão. O lanche da manhã é só pão com manteiga. Muitos de nós estamos comprando comida porque o almoço agora só sai depois das 13h e tem fila enorme. Quem trabalha 12 horas não aguenta esperar até 14h para comer”, contou um servidor do HMM.


As denúncias também apontam para a motivação política por trás do caos. Conforme os relatos, todos os processos de compra estariam parados na mesa do atual secretário-adjunto de Saúde, tio do prefeito Toni Cunha, que teria recebido ordens diretas para cancelar os contratos firmados na gestão anterior, de Tião Miranda. “Desde o dia 30 não sai um documento de lá. Nenhum contrato, nenhum empenho. Leite, café, proteína… tudo acabou. E quem reclama é devolvido do plantão”, afirmou outra profissional, que teme represálias.


A troca de comando em setores estratégicos também teria aprofundado os problemas. Uma das servidoras lamentou a demissão da antiga chefe do almoxarifado, identificada como dona Zenaide. “Ela era muito competente, mas não puxava saco. Agora virou esse caos. Sem ela, não tem mais controle nem saída de materiais”.

No Hospital Materno Infantil, a situação não é melhor. Além da falta de insumos, cadeiras do refeitório foram retiradas para improvisar leitos na sala de parto, conforme mostram mensagens de servidores compartilhadas com a reportagem.

Até o momento, a Secretaria Municipal de Saúde não se pronunciou oficialmente sobre as denúncias. O Blog Marabá & Fatos segue aberto para publicar o posicionamento da Prefeitura e segue acompanhando o caso.

Enquanto isso, pacientes e trabalhadores da saúde convivem com um ambiente de medo, improviso e indignidade. “Estamos vivendo sob uma ditadura. Ninguém reclama porque tem medo de perder o emprego. Mas o povo precisa saber o que está acontecendo aqui”, concluiu uma das servidoras. 

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